

Novas gerações sofrem do fenômeno de ‘podridão cerebral’ por causa da internet – Foto: Joédson Alves/Agência Brasil/ND
“Podridão cerebral”, o termo escolhido como a Palavra do Ano de 2024, pela Oxford University Press, se tornou uma preocupação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Neste mês, a instituição definiu que a ênfase na escrita e na leitura são práticas que podem neutralizar os efeitos negativos derivados do uso excessivo da tecnologia pelas gerações mais novas.
Conforme Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, a podridão cerebral se refere à deterioração das faculdades mentais causada pelo hábito de ler rapidamente conteúdos superficiais na internet, dificultando a memorização e a concentração.
Caligrafia, memorização, leitura, essas atividades fortalecem o hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pelo pensamento lógico e analítico. Foi o que sugeriu a pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), liderada pela professora Audrey van der Meer.

Escrever fortalece o pensamento lógico e analítico – Foto: Divulgação/Prefeitura de Blumenau/ND
O poder da escrita para evitar a podridão cerebral
No estudo, 12 jovens adultos e 12 crianças tiveram as atividades cerebrais analisadas com um EEG, dispositivo que é uma touca com mais de 250 eletrodos capazes de registrar as ondas cerebrais.
Os resultados mostraram que o cérebro – tanto em adultos jovens quanto em crianças – é muito mais ativo ao escrever à mão do que ao digitar em um teclado.
“Usar caneta e papel dá ao seu cérebro mais ‘ganchos’ para pendurar suas memórias. A caligrafia cria muito mais atividade nas partes sensório-motoras do cérebro”, explicou Audrey.

O cérebro é mais ativo ao escrever à mão do que ao digitar em um teclado – Foto: Marco Antonio Favero/Arquivo Seco/ND
Segundo a professora, muitos sentidos são ativados quando uma pessoa pressiona a caneta em um papel, vê as letras e ouve os sons que faz enquanto escreve.
“Essas experiências sensoriais criam contato entre diferentes partes do cérebro e abrem o cérebro para o aprendizado. Então aprendemos melhor e lembramos melhor”, completa.
Este não foi o primeiro estudo sobre o assunto. Já em 2007, uma pesquisa publicada no British Journal of Educational Psychology demonstrou que as redações escritas à mão por crianças do ensino fundamental eram melhores do que aquelas escritas no teclado.
Conforme a pesquisa, as redações escritas no computador pareciam ter sido feitas por pessoas cujo desenvolvimento estava dois anos atrasado. Ou seja, uma criança da terceira série escrevia como uma da primeira.