Por que não se deve ir ao mercado com fome, segundo a psicologia

Salgadinhos, chocolates e iogurtes… quem nunca encheu o carrinho com essas guloseimas durante uma ida ao mercado com fome? Embora pareça algo inofensivo, ir ao mercado com fome pode acarretar escolhas impulsivas, segundo pesquisas psicológicas que mostram que essas escolhas têm uma explicação — e podem ser evitadas.

Homem segurando cesta e escolhendo produtos no mercado

Pode parecer algo inofensivo, mas ir ao mercado com fome pode acarretar em escolhas impulsivas – Foto: Canva/ND

Um estudo conduzido por Aner Tal e Brian Wansink, da Universidade Cornell, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, revela que ir ao mercado com fome afeta diretamente nossas escolhas de compra. Durante um experimento de laboratório com 68 voluntários, os participantes foram divididos em dois grupos: metade ficou sem comer por cinco horas, enquanto a outra metade recebeu bolachas para comer antes de realizar compras simuladas online.

O resultado foi significativo. O grupo em jejum comprou mais itens calóricos, como salgadinhos e doces, enquanto o grupo que comeu antes do experimento optou por uma proporção maior de alimentos saudáveis. Em média, os famintos escolheram seis itens calóricos, contra quatro do grupo alimentado.

Para validar o resultado, Wansink realizou outro experimento com 82 pessoas em um supermercado. Os participantes foram observados em horários diferentes: entre 13h a 16h (após o almoço, quando a fome é menor) e entre 16h e 19h (próximo ao jantar, quando a fome aumenta).

Aqueles que fizeram compras no período da tarde, com o estômago mais saciado, optaram por uma média de 11 itens saudáveis, contra 8 do grupo que foi às compras no início da noite.

Por que não é bom ir ao mercado com fome?

Conforme os pesquisadores, a fome estimula o cérebro a buscar alimentos mais densos em calorias, como um reflexo evolutivo. Por isso, em situações de escassez de energia, nosso corpo tende a priorizar alimentos que fornecem calorias de forma rápida, ao invés de optar por opções leves, como verduras e frutas.

Alimentos calóricos meio a meio com alimentos saudáveis

Neste cenário de ir ao mercado com fome faz com que o cérebro escolha alimentos mais calóricos, devido a um reflexo evolutivo – Foto: Canva/ND

Mas como evitar essas compras impulsivas? Wansink sugere que as pessoas adotem uma estratégia simples. “Evite ir ao mercado com fome”, diz ele. Sendo assim, escolher comer lanches leves antes de sair de casa ou mascar chicletes durante as compras pode ser uma ótima forma de se livrar dos itens com mais calóricos, pois isso ajuda a “enganar a fome” e reduz a tentação.

A ABESO (Associação Brasileiras para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) também recomenda algumas práticas:

  • Evite ir ao mercado com fome: faça um lanche antes de sair;
  • Planeje suas compras: faça uma lista e siga-a à risca;
  • Programe suas visitas: ir ao mercado semanal ou mensalmente reduz compras por impulso;
  • Varie a dieta: experimente novos alimentos saudáveis para diversificar o cardápio;
  • Leia os rótulos: compare os valores nutricionais e priorize opções menos calóricas.

Mas o que a ciência diz?

Diversas pesquisas reforçam a ideia de que não é uma boa escolha ir ao mercado com fome. Conforme um estudo publicado no Journal of Marketing Research, a fome, ansiedade e tristeza, influenciam nossas decisões de consumo.

Carrinho de supermercado em corredor com bicicletas e outros produtos não identificáveis

Diversas pesquisas reforçam a ideia de que não é uma boa escolha ir ao mercado com fome – Foto: Canva/ND

Além disso, estudos na área da neurociência apontam que a fome ativa o sistema de recompensa do cérebro — surge aquele pensamento de que merecemos consumir algo diferente —, isso nos deixa mais vulneráveis a comprar alimentos ultraprocessados e pouco saudáveis.

Por isso, comprar alimentos com o estômago vazio pode parecer inofensivo, mas afeta não somente a qualidade da sua dieta como também o seu bolso. Sendo assim, ter um planejamento consciente, aliado a pequenos ajustes na rotina, pode fazer a diferença na busca por uma alimentação equilibrada.

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