Empresa do barco que emborcou em SC diz que tripulantes eram ‘livres para embarcar ou não’

A coletiva de imprensa com a empresa responsável pelo barco que emborcou na costa catarinense na última sexta-feira (16), com oito tripulantes, foi marcada pela tensão na noite desta quarta-feira (21). Quatro advogados e o dono da empresa, um médico que está dando assistência às vítimas, além de três dos cinco sobreviventes resgatados no sábado (17), participaram da coletiva.

Coletiva para falar do barco que emborcou em SC

Coletiva com advogados e dono da empresa aconteceu em Itajaí – Foto: Antônio Souza/ND

A coletiva de imprensa foi convocada pela empresa responsável pelo barco, e aconteceu em Itajaí, Litoral Norte de Santa Catarina, de onde ele havia partido. Uma das denúncias, feitas por familiares dos tripulantes, era que a embarcação teria apresentado problemas antes de sair para alto mar.

Questionado, Wagner Camilo, advogado da empresa, não deu respostas precisas: ele afirmou que a embarcação só pode navegar se estiver com conformidade com os órgãos fiscalizadores, e que “o pescador é sempre livre embarcar ou não“. Os advogados chamaram as denúncias de “factoides”.

Segundo Maurício Manoel da Silva Filho, dono da embarcação, todos os tripulantes possuem seguro, carteira de trabalho assinada e carteira profissional de pesca.

A defesa da empresa ainda afirmou que o barco tinha 11 coletes salva-vidas para os oito tripulantes, ao contrário das denúncias dos próprios tripulantes, de que não haviam coletes suficientes para todos.

Como está o sexto resgatado do barco

Domingos e Deivid, sobreviventes do barco

Domingos e Deivid, dois dos sobreviventes, se reencontraram – Foto: Reprodução/ND

O estado de saúde de Deivid Luiz Monteiro Ferreira, sexto resgatado, no último domingo (18), também foi atualizado pelo médico que atendeu a vítima. Ele afirmou que Deivid chegou desidratado e com hipotermia, mas ele se recuperou e, agora, o paciente evolui positivamente.

Conforme noticiado pelo ND+, após ser resgatado do mar, Deivid foi levado para o Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, onde teria passado a noite no corredor da unidade. Ele só foi transferido para um quarto na manhã de segunda-feira (19). Ainda na segunda, ele foi transferido para o Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, onde segue internado.

Inquérito em sigilo

Questionados do motivo do barco ter avançado mesmo com a passagem de um ciclone extratropical na costa do Estado, a defesa da empresa afirmou que, como o inquérito corre em sigilo de Justiça, não iria responder à pergunta.

O proprietário afirmou que já comprou as boias que devem fazer a sinalização do local onde a embarcação emborcou. Enquanto a sinalização não é feita, ela pode oferecer riscos à navegação local. O barco foi encontrado a cerca de 140 km de Florianópolis. O proprietário foi notificado para fazer a remoção.

Maurício Manoel da Silva Filho afirmou estar prestando auxílio às famílias dos sobreviventes e dos dois tripulantes que seguem desaparecidos, Alisson da Silva Santos e Diego Silva de Brito. A Marinha continua em buscas pelos dois.

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