Em discurso ao Congresso, Trump diz que Brasil aplica taxas injustas aos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou ao Congresso pela primeira vez, no segundo mandato, na noite dessa terça-feira (4), e teceu críticas ao Brasil e outros países que, segundo ele, aplicam “tarifas injustas” ao país norte-americano. Ele ressaltou ainda que as medidas tomadas nas primeiras seis semanas da administração estão “apenas começando”.

Presidente dos Estados Unidos fez primeiro discurso ao Congresso após tomar posse no segundo mandato – Foto: Roberto Schmidt/AFP/ND

Mais de uma vez, o republicano ressaltou que a sua vitória eleitoral foi um “mandato” da população americana. A fala de Trump foi interrompida por protestos da bancada democrata e o congressista Al Green, do partido da oposição, foi removido do Congresso.

Após a saída de Green, Trump listou as ações tomadas pelo seu governo em temas como imigração e burocracia federal. O presidente americano também celebrou a saída dos EUA da OMS (Organização Mundial da Saúde) e o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

“O povo me elegeu para fazer o trabalho, e eu estou fazendo isso”, disse Trump. Ele também destacou que sobreviveu a múltiplas acusações criminais, além de acusar o ex-presidente norte-americano, Joe Biden, de orquestrar as acusações. O republicano classificou Biden como o “pior presidente da história dos Estados Unidos” e o culpou pela inflação.

“Agora, pela primeira vez na história moderna, mais americanos acreditam que nosso país está indo na direção certa do que na direção errada”, disse Trump ao Congresso.

Ex-presidente norte-americano, Joe Biden, foi acusado de ser o ‘pior presidente da história dos Estados Unidos’ – Foto: X/ Reprodução/ ND

Brasil é citado por cobrar ‘tarifas injustas’

O republicano também defendeu as tarifas impostas pelo seu governo, mas citou que Brasil e outros países “cobram demais dos Estados Unidos”. Ainda na terça-feira, Trump anunciou tarifas de 25% em todos os produtos do Canadá e México, e de 10% em produtos chineses.

O presidente ressaltou que a medida serve como um incentivo para que empresas estabeleçam fábricas nos Estados Unidos. A medida é defendida por Trump apesar de um esperado aumento nos preços dos produtos que grande parte dos americanos compram- de café a tomates e gasolina.

Uma pesquisa recente da CBS News/YouGov mostrou que 80% dos americanos querem que Trump se concentre na economia e na inflação, mas apenas 29% disseram que acham que ele está priorizando “muito” a inflação.

Elogios a Elon Musk

Depois de 20 minutos de discurso, Trump citou o bilionário Elon Musk pela primeira vez. O republicano agradeceu Musk por seu trabalho no DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) e apontou exemplos de como a ajuda internacional americana estava sendo usada antes da volta de Trump à Casa Branca.

O presidente Donald Trump discursou em sessão conjunta do Congresso na Câmara dos Representantes, no Capitólio dos Estados Unidos, em Washington (DC) – Foto: ESTADÃO CONTEÚDO/ND

O DOGE, liderado pelo homem mais rico do mundo, está desmantelando agências governamentais, reduzindo a força de trabalho federal e obtendo acesso a dados confidenciais do governo – tudo em uma tentativa, segundo o departamento, de “restaurar a democracia”.

Segundo a Agência Estado, a maior parte do que o Serviço DOGE dos Estados Unidos está fazendo sob o comando de Musk está sob escrutínio legal, com os tribunais analisando se isso viola as leis de privacidade, os direitos dos funcionários federais e os controles e equilíbrios da Constituição.

O DOGE agiu tão rapidamente que está sendo alvo de críticas cuidadosas até mesmo de alguns republicanos, preocupados com o fato de que os serviços básicos do governo – e a manutenção de ameaças contra o país – poderiam ser prejudicados. As pessoas que fazem a manutenção das armas nucleares dos Estados Unidos foram demitidas e depois recontratadas às pressas.

*Com informações do Estadão Conteúdo.